Hoje vou comentar um post do Portal do Bitcoin, em que Luiz Barci faz críticas ao Bitcoin e às criptomoedas no geral. Para quem não conhece o Luiz Barci, ele é famoso no mercado de investimentos e considerado o “Warren Buffett brasileiro”, sendo o maior investidor pessoa física da Bolsa de Valores Brasileira, a B3. Eu o admiro bastante, inclusive tenho visto várias entrevistas dele com relação ao Mercado de Ações, mas nesse ponto específico, em relação às criptomoedas, eu discordo um pouquinho, então eu vou explicar por que eu não concordo 100% com o que ele falou. [Vou deixar o link da matéria fixado no final do post.]

A primeira coisa que o Barci fala, segundo o artigo, é que “cripto moeda é uma fantasia, que não funciona nem como investimento, nem como aplicação.” Honestamente, eu acho que ele está certo nesse sentido, o conceito original do Bitcoin e das criptomoedas não é ser um investimento, mas um sistema monetário. Se você faz investimento em cripto, você está tentando antecipar um passo. A galera já quer começar ganhando fortunas e faz alavancagem dentro de cripto, pior ainda. Eu não faço investimento em cripto, já cansei de falar isso aqui, eu faço mineração de cripto e utilizo a tecnologia. Eu gosto da tecnologia e do conceito libertário do Bitcoin, de você não ter nenhum governo gerenciando os ativos e podendo imprimir mais papel-moeda. O Bitcoin tem a premissa de ser um meio de transferência monetária, como se fosse o Pix, vamos dizer assim para facilitar, mas que não pertence a nenhum Estado. Então, de fato ele está certo na colocação, falando que não é para ser uma aplicação ou um investimento, concordo 100%. Eu acho que o Bitcoin é para ser usado como se fosse um cartão de crédito.

Ainda segundo a notícia, Luiz Barci teria falado “Eu acredito na tecnologia por trás. Como investimento, assim como qualquer outra moeda, a gente não investe.” O que ele está falando aqui é que as aplicações dele não focam em investir em moedas. Ele não aloca fundos em dólar, dólar futuro, nem nada do tipo, quem conhece o Barci sabe que ele só faz compra de ações de empresas que pagam dividendos. Uma coisa que a gente tem que entender: é um senhor de 83 anos, que a vida inteira montou um portfólio de ações que pagam dividendos e é muito bem-sucedido nessa estratégia, de aplicar em ações que estão no começo, com propostas de pagar dividendos em longo prazo, é uma carteira “de poupança”, para uma aposentadoria bem gorda. Então eu entendo quando ele fala que hoje as criptomoedas são altamente especulativas, só atraem especuladores, não atraem de fato investidores, principalmente a galera que gosta de alavancar a moeda, causando uma oscilação muito grande. Mas, no meu ponto de vista, aqui é mais uma questão de gosto pessoal do Barci, que não quer correr tantos riscos, quer manter uma carteira mais estável, que gera dividendos. As criptomoedas não geram dividendos, você pode até pensar no stake, mas é aquela coisa, a moeda precisa estar bem para gerar alguma coisa, se amanhã ela cair, o seu dinheiro está preso lá e você não consegue fazer nada. Então, na prática, eu consigo entender um pouco o “pé no chão”, nesse sentido de querer aplicações mais seguras, de grandes empresas. O Barsi sempre fala que gosta muito de investir em empresas que são “de uso comum”, então empresa de energia, empresas de alimentos, que são básicos para o ser humano e não vão acabar da noite para o dia. Mas o mais legal, se realmente foi ele quem falou essa parte, é que ele diz que acredita na tecnologia, o quer dizer que ele deve ter estudado um pouco sobre Bitcoin e criptomoedas.

Ainda no artigo, tem uma citação dele que diz que “o Bitcoin atrai jogadores, não investidores.” Hoje, o mercado de criptoativos atrai muito mais especuladores do que investidores, de fato, mas não acho que isso vá ser a realidade em longo prazo. Acredito que o Bitcoin é muito bem estruturado e vai ter mais adesão futuramente, fazendo com que os investidores institucionais comecem a fazer investimentos também. Principalmente se a gente levar em consideração o cenário macroeconômico e uma possível guerra entre Estados Unidos e China, aí qualquer investidor do mundo vai começar a se questionar se manter seus investimentos em moeda FIAT ainda está fazendo tanto sentido assim. A gente já viu isso no passado, países que perderam a guerra e tiveram suas moedas praticamente destruídas. E ainda tem o ciclo de vida das moedas, o dólar caindo, bem fragilizado comparado ao que era cinco anos atrás, a inflação americana tem corroído a integridade do dólar, mas ele ainda é a moeda do mundo e vai continuar sendo pelos próximos anos. Inclusive, eu comentei sobre isso na entrevista para a galera do EiCripto, se o Bitcoin seria uma alternativa viável para ocupar o espaço do dólar e a minha resposta foi que eu não acredito que seja nesse ciclo que o Bitcoin vai se tornar a moeda de dominância, mas que um cenário de guerra poderia acelerar o processo de adesão ao Bitcoin, porque seria uma forma alternativa de comprar e vender as coisas com uma moeda que não vai sofrer tanto quanto as moedas FIAT, mas, obviamente, esse é um cenário nebuloso para caramba e que ninguém quer ver chegar, então isso provavelmente vai fazer com que o Bitcoin continue seguindo nesse ciclo de ser institucionalizado aos poucos.